Por S. Vivekananda em L.Yutang Sabedoria de Índia e China (1957) Pongetti: Rio de Janeiro
Capítulo 1
Concentração: suas qualidades essenciais
Objetivo da concentração
1. Agora, será explicada a concentração.
2. Yoga é impedir que a substância mental (Chitta) tome formas variadas (Vrittis) .
3. Nesse tempo, (o tempo da concentração) o vidente (Purusha) repousa no seu próprio (não-modificado) estado.
Formas da substância mental
4. Durante outros tempos (que não sejam o da concentração) o vidente está identificado com as modificações.
5. Há cinco classes de modificações, (algumas) dolorosas e (outras) não dolorosas.
6. (São): conhecimento direto, indiscriminação, ilusão verbal, sono e memória.
7. A percepção direta, a inferência e a evidência competente, são provas.
8. A indiscriminação é conhecimento falso, não estabelecido na natureza real.
9. A ilusão verbal decorre das palavras que não têm uma realidade (correspondente).
10. O Sono é uma Vritti (forma) que abrange o sentimento de vazio.
11. A memória é quando as (Vrittis) dos Sujeitos percebidos não escapam (e voltam ao consciente através das impressões).
Métodos de contrôle
12. Controlam-se pela prática e pelo desprendimento.
13. O esfôrço contínuo para manter as formas (Vritis) perfeitamente subjugadas constitui a prática.
14. Essa luta é firmemente fundada em longos e constantes esforços feitos com grande amor (pelo fim a ser atingido).
15. O efeito conquistado pelos que renunciaram à sua sêde por objetos vistos ou ouvidos, e que tende a controlar os objetos é o desprendimento.
16. É o extremo desprendimento que renuncia até mesmo às qualidades e que decorre do conhecimento da (natureza real) de purusha.*
*[Nota por Vivekananda. Antes de mais nada devemos compreender o que é Purusha, o ser, e quais as suas qualidades. De acôrdo com a filosofIa yoga roda a natureza é constituída por três qualidades ou fôrças; chamam-se Tamas, Rajas e Sattya. Manifestam-se no mundo físico como a escuridão ou inatividade; atração ou repulsão; ou como o equilíbrio de ambos. Tudo o que há na natureza, tôdas; coisas manifestadas são o resultado da combinação e da recombinação dessas três forças. Os Sankhyas dividiram a natureza em diversas categorias; o ser do domem está acima de rodas elas. É refulgente, puro e perfeito. Tudo o que, na natureza, é visto como "inteligente", nada mais é senão reflexo dêsse Ser sôbre a natureza.]
Formas de concentração
17. A concentração denominada conhecimento direto é a que é seguida pelo raciocínio, pela discriminação, pela bem-aventurança e pelo egoísmo inqualificado.
18. Existe ainda outro Samadhi* que é atingido pela prática da suspensão de qualquer atividade intelectual e no qual a Chitta apenas retém impressões não-manifestadas.
*[Samadhi: Estado superconsciente, transe.]
Os diversos processos para atingir o Samadhi
19. O Samadhi (quando não é seguido por um extremo desprendimento) torna-se a causa da re-manifestação dos deuses e daqueles que mergulharam na natureza.
20. Para outros, (o Samadhi) é atingido através da fé, da energia, da memória, da concentração e da discriminação da realidade.
21. Para os que são extremamente enérgicos, a vitória é rápida.
22. Para os Yoguis esta vitória varia e depende dos meios empregados, segundo sejam brandos, médios ou extremos.
23. Também a devoção a Isvara pode ser uma causa.
O Om
24. Isvara (o Guia Supremo) é um Purusha especial, intocado pela miséria, pelas ações, bem como por seus resultados e desejos.
25. A onisciência que nos demais é apenas um gérmen, nêle torna-se infinita.
26. É o Mestre dos mais antigos mestres e não é limitado pelo tempo.
27. Om é a palavra com que se manifesta.
28. A repetição dessa palavra (Om) e meditação sôbre o seu significado constituem o caminho.
29. São o meio para a conquista do conhecimento da introspecção e para a destruição dos obstáculos.
Formas de Meditação e de Samadhi
30. A enfermidade, a preguiça mental, a dúvida, a falta de entusiasmo, a letargia, a tendência para os prazeres dos sentidos, a falsa percepção, a impossibilidade de atingir um perfeito estado de concentração e a facilidade de perdê-lo, uma vez atingido, são as distrações que obstruem.
31. O sofrimento, a angústia mental, o tremor do corpo, a respiração irregular, acompanham a não-retenção de um perfeito estado de concentração.
32. Para corrigir êste estado (é preciso) que o sujeito se exercite.
33. Na amizade, na piedade, no contentamento e na indiferença os quais, sendo concebidos com relação a sujeitos felizes e infelizes, bons e maus, respectivamente, pacificam a Chitta.
34. Em soltar e reter a respiração.
35. Nessas formas de concentração que provocam extraordinárias percepções nos sentidos e que são a causa de perseverança da mente.
36. Também na meditação da Luz Refulgente, que está acima de tôda tristeza.
37. Também na meditação sôbre o coração que renunciou a todo apêgo aos objetos dos sentidos.
38. Também na meditação sôbre o conhecimento que vem a nós no sono.
39. Também na meditação sôbre qualquer coisa que nos pareça boa.
40. A mente do Yogui que assim meditar passa, sem impedimento, do atômico para o infinito.
41. O Yogui que, dessa maneira, tiver tornado impotentes os Vrittis, que os tiver (controlado), alcança, tanto no receptáculo, instrumento, no receber, como no recebido (o Ser, a mente, os objetos externos), completa concentrção e igualdade, como o cristal (diante de objetos de diferentes côres).
42. O som, o sentido e o conhecimento resultantes, unidos, constituem o chamado Samadhi “com-interrogação".
43. O Samadhi denominado “sem-interrogação" vem quando a memória é purificada ou esvaziada de qualidades e exprime apenas o sentido do objeto meditado.
44. Por êsse processo também se explicam (as concentrações) com discriminação e sem discriminação, cujos objetos são, mais sutis.
45. Os objetos mais sutis têm um têrmo com Pradhana.
46. Essas concentrações têm semente.
47. Uma vez purificada a concentração sem discriminação, a Chitta está firmemente fixada.
48. O conhecimento disto chama-se “cheio de verdade".
49. O conhecimento ganho através do testemunho e da inferência refere-se a objetos comuns. O que decorre do Samadhi e que acabamos de mencionar, é de qualidade muito mais alta e pode penetrar onde o testemunho e a inferência não podem.
50. A impressão que resulta do Samadhi obstrui tôdas as demais impressões.
51. O Samadhi “sem-semente" se obtém restringindo até mesmo (essa impressão que obstrui tôdas as demais impressões).
2o Capítulo
Concentração: maneira de praticá-la
Obstrução causada pela aceitação da dor
1. A mortificação, o estudo e o ato de oferecer os frutos do trabalho a Deus são chamados Kriya-yoga.
2. É o que ajuda a praticar o Samadhi e a diminuir as obstruções causadas pela aceitação da dor.
3. As obstruções causadas pela aceitação da dor são - ignorância, egoísmo, apêgo, aversão e adesão à vida.
4. A ignorância é o campo produtivo de tudo o que se segue, quer seja adormecido, atenuado, demasiado poderoso ou expandido.
5. A ignorância abrange o não-eterno, o impuro, o sofredor, o não-Ser e ao mesmo tempo abrange o puro, o bem-aventurado e o Atman ou Ser (respectivamente).
6. Egoísmo é a identificação do evidente com o instrumento de visão.
7. Apêgo é o que reside no prazer.
8. Aversão é o que reside na dor.
9. A adesão à vida brota da sua própria natureza e mora até mesmo nos que estudaram.
10. Os sutis Samskaras (1) são conquistados quando resolvidos no seu estado causal.
11. Suas grandes modificações são rejeitadas pela meditação.
12. O "receptáculo dos trabalhos" (2) tem suas raízes nas obstruções causadas pela aceitação da dor; sua experiência está nesta vida visível ou na vida invisível.
13. Ali estando a raiz, a frutificação se opera na forma de espécies, de vida, bem como na experiência desprazeres e sofrimentos.
14. Os frutos nascem do prazer ou da dor; são causados pela virtude ou pelo vício.
15. Para os que discriminam, tudo é e era doloroso em virtude .das causas que provocam a dor, quer como conseqüência, quer como antecipação da perda da felicidade; quer ainda como um anelo fresco oriundo das impressões de felicidade, quer como uma contra-ação de qualidades.
16. A miséria ainda não chegada será evitada.
1 - Samskaras são impressões sutis que se manifestam depois, em formas empíricas - nota original.
2 - Por "receptáculo dos trabalhos" se entende a soma total das Samskaras - nota original.
A independência da Alma como Vidente
17. A causa do que deve ser evitado está na junção do vidente e do visto.
18. O experimentado é composto de elementos e órgãos, tem a natureza da iluminação, da ação e da inércia; existe, portanto, para a experiência e libertação d'aquele que experimenta.
19. Os estados das qualidades são o indefinido, o definido, o apenas indicado e o sem-sinais.
20. O vidente é apenas inteligente e, apesar de puro, vê através dos matizes do intelecto.
21. A natureza do experimentado é para êle.
22. Ainda que destruída por aquêle que atinge o objetivo, ainda assim não é destruída, porque é comum aos demais.
23. A junção é a causa da realização da natureza de ambos os poderes, o experimentado e o seu Senhor.
24. A ignorância é a sua causa.
25. Havendo ausência de ignorância há ausência de junção, coisa que deve ser evitada, é essa a independência do vidente.
26. Os meios de destruição da ignorância são constituídos pela prática continuada da discriminação.
27. Seu conhecimento é do sétuplo e altíssimo plano.
Os Oito Graus
28. Pela prática das diferentes partes da Yoga as impurezas são destruídas, o conhecimento torna-se radioso e tende à discriminação.
29. Yama, Niyama, Asana, Pranayama, Pratyhara, Dharana, Dhyana e Samadhi são os oito membros da Yoga.
I. Cinco votos (Yama)
30. Não matar, ser sincero, não roubar, continência e não receber, são denominados Yama.
31. Inalterados pelo tempo, espaço, propósito e regras de casta, são êstes os grandes votos (universais).
II. Cinco observâncias (Niyama)
32. Purificação interna e externa, satisfação, mortificação, es- tudo e adoração de Deus, são os Niyatnas.
33. Há que trazer à mente pensamentos contrários aos que são avêssos à Yoga, a fim de obstruir êstes últimos.
34. As obstruções à Yoga são: matar, falsidade, etc...quer cometidas, causadas ou aprovadas; também o são a avareza, a ira e .a Ignorância, quer sejam pequenas, médias ou grandes; e terminam em infinita ignorância e infinita miséria. É êsse (o método) dos pensamentos contrários.
35. Uma vez estabelecido que não se deve matar, tôdas as inimizades (nos demais) cessam diante dessa resolução.
36. Pelo estabelecimento da sinceridade o Yogui atinge, para si e para os demais, os frutos dos trabalhos, sem os trabalhos.
37. Pelo estabelecimento da honestidade, tôda a riqueza vem ao Yogui.
38. Pelo estabelecimento da continência a energia é conquistada.
39. Quando se fixa em não-receber, adquire a memória da Vida passada.
40. Uma vez, estabelecida a limpeza externa e interna, nasce o menosprezo pelo próprio corpo e a falta de contacto com os demais corpos.
41. Também nasce a purificação da Sattwa (1) a alegria de espírito, a concentração, a conquista dos órgãos e a aptidão para a realização do Ser.
42. A suprema felicidade vem do contentamento.
43. O resultado da mortificação é trazer poder aos órgãos e ao corpo, pela destruição da impureza.
44. Pela repetição da Mantra,(2) conquista-se Samadhi.
45. Tudo sacrificando a Iswara (3) conquista-se Samadhi.
1 - O bom elemento; ver a nota ao aforismo I, 16.
2 - Fórmula de oração.
3 - O Senhor (também denominado Isvara).
III. Atitude: (Asana)
46. Atitude é o que é firme e agradável.
47. Pela diminuição da tendência natural para (a inquietação) e pela meditação do ilimitado a (atitude torna-se firme e agradável).
48. Uma vez conquistada a estabilidade, as dualidades já; não obstruem.
IV. Respiração (Pranayama)
49. Depois disto vem o contrôle da inalação e da exalação.
50. Suas modificações são externas, internas ou sem movimento e se regulam pelo espaço, pelo tempo e pelo número, quer sejam longas ou curtas.
51. O quarto grau é restringir a Prana, refletindo sôbre objetos internos ou externos.
52. Com isso, atenua-se a diminuição da luz da Chitta.
53. A mente fica pronta para Dharana.
V. Exercício dos órgãos (Pratyahara)
54. O exercitar os órgãos consiste em fazê-lo renunciar aos; seus próprios objetivos e a tomarem a forma da mente como é.
55. Então nasce o contrôle supremo dos órgãos.
3o Capítulo
Poderes
Chegamos agora ao capítulo no qual são descritos os poderes da Yoga.
VI. Concentração num só objeto (Dharana)
1. Dharana é conservar a mente atenta a algum objeto particular.
VII. Meditação (Dhyana)
2. Dhyana é uma fonte continuada de sabedoria sôbre êsse objeto.
VIII. Superconsciência (Samadhi)
3. Quando êste processo faz desaparecer tôdas as formas e reflete somente o sentido, Samadhi é conquistado.
Descrição dos Três Últimos Graus
4. Esses três, quando praticados com relação a um objeto, constituem Samayama.
5. Essa conquista traz a luz do conhecimento.
6. O qual deve ser empregado em graus.
7. Esses três são mais internos do que os que os precedem.
8. Mas até mesmo êles são externos para o estado "sem-semente" (Samadhi).
9. Pela supressão das impressões perturbadas da mente e pelo aumento das impressões de contrôle, a mente, que persiste no momento do contrôle, é a que atinge as modificações controladoras.
10. Seu fluir torna-se estável, por hábito.
11. Absorvendo tôda classe de objetos e concentrando-se apenas sôbre um objeto, destruindo e manifestando, respectivamente, êsses dois poderes, a Chitta adquire a modificação denominada Samadhi.
12. A unidade de objetivo da Chitta revela-se quando a impressão passada e a impressão presente são semelhantes.
13. Explica-se, assim, a tríplice transformação da forma do tempo e do estado, tanto na matéria sutil como na concreta e também nos órgãos.
14. O qualificado é tudo aquilo que é atingido por transformações quer passadas, quer presentes, quer ainda a manifestar-se.
15. A sucessão de mudanças é a causa da múltipla evolução.
A Transformação dos Poderes Mentais
16. Praticando Samyama nas três qualidades de mudanças, conquista-se o conhecimento do passado e do futuro.
17. Praticando Samyama na palavra, no sentido e no conhecimento, os quais ordinariamente se confundem, conquista-se o conhecimento de todos os sons dos animais.
18. Pela percepção das impressões, (vem a nós) o conhecimento da vida passada.
19. Executando Samyama nos sinais do corpo de outrem, vem a nós o conhecimento da sua mente.
20. Mas não do seu conteúdo, porque não é êsse o objeto de Samyama.
21. Executando Samyama na forma do corpo, uma vez obstruindo a forma do corpo e separado o poder de manifestação na vista, o corpo do Yogui torna-se invisível.
22. Assim se explica o desaparecimento ou encobrimento das palavras pronunciadas e também outras coisas.
23. Karma apresenta duas qualidades, a que logo frutifica e a que frutifica demoradamente. Praticando Samyama nessas duas qualidades ou utilizando os sinais chamados Arishta, portentos, os Yoguis estão aptos a conhecer o momento exato em que se foram de seus corpos.
24. Praticando Samyama na amizade, na piedade, etc. (I :33) o Yogui excede nas qualidades respectivas.
25. Praticando Samyama na fôrça do elefante e outros animais, suas respectivas forças vêm para o Yogui.
26. Praticando Samyama na luz refulgente (I :36), adquire-se o conhecimento do sutil, do obstruído, do remoto.
27. Praticando Samyama no sol., adquire-se o conhecimento do mundo.
28. Praticando-o na lua, adquire-se o conhecimento do enxame de estrêlas.
29. Praticando-o na estrêla polar, adquire-se o conhecimento do movimento das estrelas.
30. Praticando-o no umbigo, adquire-se o conhecimento da constituição do corpo.
31. Praticando-o na cavidade da garganta, conquista-se a cessação da fome.
32. No nervo chamado Kurma, traz a fixação do corpo.
33. Na luz que emana do alto da cabeça, proporciona a visão dos Siddhas.(1)
34. Pelo poder de Pratibha,(2) traz todo o conhecimento.
35. Traz, no coração o conhecimento das mentes.
36. O prazer decorre da não-discriminação da Alma e de Sattava, que são totalmente diferentes. Esta última, cujas ações são para outrem, está separada da primeira, que está centralizada no ser. Samayama. quando praticada na "centralizada no ser", traz o conhecimento de Purusha.
37. Disso decorre o conhecimento que pertence a Pratibha e a faculdade de ouvir, tocar, ver, provar e cheirar de um modo sobrenatural.
38. Esses são obstáculos para Samadhis, mas são poderes no estado universal.
1 - Os Siddhas são sêres um pouco acima dos espíritos. Quando o Yogui concentra o seu pensamento no alto da sua cabeça, conquIsta visão dos Siddhas - nota original.
2 - Iluminação espontânea que decorre da pureza.
Poderes Sobrenaturais
39. Quando a causa da escravidão da Chitta desaparece, o Yogui, através do conhecimento dos seus canais de atividade (os nervos), entra noutro corpo.
40. Pela conquista da corrente denominada Udana (1), o Yogui não afunda na água ou nos pântanos, pode caminhar sôbre pregos, etc...e pode morrer à vontade.
41. Pela conquista da corrente Samana, é cercado por uma auréola de luz.
42. Praticando Samyama na relação entre o ouvido e Akasa,(2) adquire-se a audição divina.
43. Praticando Samyama na relação entre Akasa e o corpo e tornam-se leve como o algodão, etc através da meditação sôbre substâncias leves, o Yogui sobe pelo firmamento.
44. Praticando Samyama nas "modificações reais", da mente, fora do corpo, denominadas grandes desencarnações, adquire-se o desaparecimento da espessura para a luz.
45. Praticando Samyama nas formas sutis e concretas dos elementos, nos seus traços essenciais, na inerência dos nas (3) nestes traços e na sua contribuição à experiência da alma, adquire-se o domínio dos elementos.
46. Daí decorrem a minuciosidade, o resto dos poderes, "a glorificação do corpo" e a indestrutibilidade das qualidades corporais.
47. A "glorificação do corpo" é beleza, fôrça, temperamento e dureza adamantina.
48. Praticando Samyama na objetividade e no poder de iluminação dos órgãos, no egoísmo, na inerência dos Gunas nêles e na sua contribuição à experiência da alma, obtém-se a conquista dos órgãos.
49. Daí o corpo adquire o poder de mover-se tão rapidamente quanto a mente, admite o poder dos órgãos independerem do corpo e conquista a natureza.
50. Praticando Samyama na discriminação existente entre Sattva e Purusha adquire-se a adquire-se a onipotência e a onisciência.
1 - Nome do nervo que governa os pulmões e todas as partes superiores o corpo.
2 - O éter.
3 - Os três elementos.
Isolamento ou Liberdade Completa
51. Pela renúncia a êsses poderes também se adquire a destruição da semente do mal e essa destruição leva ao estado de Kaivalya.(1)
52. O Yogui não se deve sentir amimado ou lisonjeado por proposta de sêres celestiais, temendo a volta do mal.
53. Praticando Samyama numa partícula de tempo, na sua precedência e na sua sucessão conquista-se a discriminação.
54. As coisas que não podem ser diferenciadas por sinais, espécies e lugares, até mesmo essas coisas poderão ser discriminadas praticando o Samyama precedente.
55. O conhecimento salvador é o conhecimento da discriminação que cobre simultaneamente todos os objetos, em tôdas as suas variações.
56. Através da semelhança entre Sattarva e Purusha, vem Kaivalya.
1 – Completo isolamento ou independência
4o Capítulo
Independência
Desejos e Objetos da Mente
1. Os Siddhis (poderes) são atingidos pelo nascimento, por meios químicos, pelo poder das palavras, por mortificação ou concentração.
2. A mudança noutra espécie vem da integração à natureza.
3. As ações boas ou más não são causas diretas na transformação da natureza, mas atuam como ruptura aos obstáculos que impedem a evolução da natureza: atuam como o fazendeiro que remove os obstáculos do curso da água, que então corre para baixo segundo a sua própria natureza.
4. As mentes criadas procedem exclusivamente do egoísmo.
5. Embora as atividades das mentes criadas sejam várias, a mente original é que as controla tôdas.
6. Entre as várias Chittas, é "sem-desejos" a que se obtém através de Samadhi.
7. Os trabalhos não são pretos nem brancos para o Yogui; para os demais são tríplices - prêtos, brancos e mistos.
8. Dêsses tríplices trabalhos, apenas se manifestam para cada estado os desejos que (são) convenientes àquele determinado estado. (Os demais são contidos em reserva no momento).
9. Há seqüência nos desejos, ainda que separados em suas espécies, no tempo e no espaço, e há também identificação de memória e de impressões.
10. A sêde de felicidade sendo eterna, os desejos não têm começo.
11. Como são mantidos unidos pela causa, pelo efeito, pela continuidade e pelos objetos, se êstes não existirem, os desejos estarão ausentes.
12. Já que as qualidades têm vários caminhos (modos), o passado e o futuro existem por sua própria natureza.
13. São manifestados ou sutis, porque são da mesma natureza dos Gunas. (1)
14. A unidade nas coisas decorre da unidade nas mudanças.
15. Desde que a percepção e o desejo variem com relação ao mesmo objeto, a mente e o objeto são de natureza diferente.
16. As coisas são conhecidas ou desconhecidas para a mente; dependem do colorido que dão à mente.
17. Esses estados da mente são sempre conhecidos, porque o senhor da mente, Purusha, é imutável.
18. A mente não é "luminosa em si", porque é um objeto.
19. Não pode conhecer-se e conhecer ao mesmo tempo.
20. Se adotar outra mente conhecedora não haverá fim para tal apropriação e o resultado será a confusão da memória.
21. A essência do conhecimento (Purusha) é imutável e quando a mente toma a sua forma torna-se consciente.
22. Colorida pelo vidente e pelo visto, a mente é capaz de compreender tudo.
23. A mente, ainda que multiplicada por inúmeros desejos, atua para outro (Purusha), porque atua em combinação.
1 - Os Gunas são as três substâncias, Sattva, Hajas e Tamas, cujo estado empírico é o universo sensível. O passado e o futuro nascem dos versos modos de manifestação dêstes Gunas - nota original.
Isolamento Completo
24. Para discriminar a percepção da mente, quando cessa Atman.
25 A mente, aplicada em discriminar, atinge o estado prévio de Kaivalya (isolamento).
26. Os pensamentos que surgem como obstruções decorrem das impressões.
27. Sua destruição é operada do mesmo modo que a da ignorância, do egoísmo, etc , como foi dito antes (II:10).
28. Até mesmo atingindo a reta. discriminação do conhecimento das essências, aquêle que renuncia aos frutos recebe como resultado a perfeita discriminação, Samadhi, denominada a nuvem da virtude.
29. Disso decorre o fim dos trabalhos e do sofrimento.
30. O conhecimento então, despojado de véus e de impurezas, torna-se infinito e o conhecível torna-se pequeno.
31. Cessam, então, as sucessivas transformações das qualidades, pois elas atingiram o fim.
32. As mudanças que existem em relação a momentos e que são percebidas no outro fim (o fim de uma série), são sucessão.
33. A resolução da ordem inversa das qualidades, despojada de qualquer motivo de ação para Purusha, é Kaivalya, ou o estabelecimento do poder do conhecimento na sua própria natureza.