Dadu

Pertencente ao final do século XVI, o poeta gujerati Dadu
é o autor de "bani" ou "palavras" versificadas que servem como
texto básico para os Dadupanthis, uma seita que tomou seu
nome.

O Morto Vivo

Abandona o orgulho e arrogância, soberba, inveja, auto-afirmação;
Pratica a humildade, obediência; adora o criador.

Quando um homem abandonou o falso orgulho, arrogância e
vangloria,
Quando se tornou humilde e manso, é quando encontra a ven-
tura verdadeira.

Príncipe e mendigo devem igualmente morrer - ninguém
sobrevive.
Aquele a quem chamas vivo, lá morreu e ainda vive.

Meu inimigo "Eu" está morto - ninguém pode abater-me.
Sou eu quem abate a mim mesmo - estando morto assim, eu
vivo.

Abatemos nosso inimigo, e morremos; mas Ele não está es-
quecido.
Resta o espinho para nos atormentar. Examina e leva esta ver-
dade ao coração.
Só então tu encontrarás o Amado, quando estiveres como o
morto vivo;
Só perdendo-te é que podes achar Aquele que tudo sabe.

Encontrarás o Amado, quando te estimares como a nada;
Reconhece, portanto, pela reflexão calma, de onde surge o
pensamento do eu.

Tomando-te como o morto vivo, tu entras no caminho.
Abaixa primeiro a cabeça, e depois poderás aventurar-te a pôr
o pé.

Sabe que o caminho do discípulo é extremamente difícil;
Os mortos vivas andam nele, tendo o Nome de Rama por sinal.

Tão difícil é o caminho que nenhum homem vivo pode trilhá-la;
Só pode andar nele, o tolo, quem morreu e vive ainda.

Somente quem morreu pode trilhar o caminho que vai ter a
Nirañjana; (a)
Ele encontra o Amado, e salta por sobre o abismo temível.

Quem vive morrerá, e só morrendo por dentro encontrará o
Senhor;
Abandonando sua companhia, quem resiste quando vem a di-
ficuldade?

Ó, quando terminará este domínio do eu? Quando esquecerá
o coração todos os outros?
Quando está inteiramente refinado? Quando achará seu lar
verdadeiro?

Quando eu não sou, existe então um; quando me intrometo,
há dois.
Quando a cortina do "eu" e "tu" for afastada, então me torna-
rei como fui. (49)

a) Xiva.