HInos do Yajur Veda, por Raul Xavier

Hino a Brama
O senhor soberano é o senhor de todos os mundos! Mais rápido que o pensamento, único, eterno!
Nenhum outro deus pode criá-lo, Bramã precedeu-os na criação.
Mais rápido que o vento, excede todos os seres! Basta sua vontade para mover todo o universo.
Sua vontade vai além das fronteiras do mundo. Aqueles que não conhecem o Senhor dos deuses são cegos que caminham na escuridão. Aqueles que conhecem os preceitos do Senhor dos deuses e fingem ignorá-los são duas vezes culpados.
Meu corpo, vil matéria, será desfeito ao vento. Minha alma será salva por Bramã, sabedor de todos os meus atos, de todas as minhas intenções.
Ó Bramã, indica-nos o caminho da felicidade eterna! A fim de sermos dignos de morar em teu império, lava-nos, Bramã, das impurezas dos pecados que come- temos.
Nessa taça, estou vendo a verdade oculta no soma do sacrifício!

Hino a Rudra
Tuas formas são benevolentes, Indra, sem crueldade, sem maldade. Tu que tens sido visto andando nas montanhas, olha complacente para nós.
As flechas que empunhas, tu que andas pelas montanhas, faz que ela nos seja favorável. Rudra, não sejas violento para com os homens e para com todas as criaturas vivas.
Nós te dirigimos palavras suplicantes, Rudra, a ti que andas pelas montanhas. Sejam-nos favoráveis todas as coisas vivas.
Falou por nós o advogado, o primeiro médico dos deuses, que esmaga todas as serpentes, abate e expulsa todas as feiticeiras.
Ele é da cor do cobre, vermelho escuro, o deus auspicioso. Esconjuramos os milhares de Rudras, que vivem nos quarteirões próximos de nós. Esconjuramos o seu ódio.
Aquele ser rasteiro e de pescoço azul e escarlate, viram-no os pastores, as carregadoras de água. Todas as pessoas que o viram, tenham piedade de nós.
Poupe-nos a arma de Rudra, passe por cima de nós o desprezo do temível malfeitor. Não alveje os nossos benfeitores. Ó clemente, tem piedade dos nossos filhos, da nossa descendência!
Gracioso, benevolente, sê de boa vontade para conosco, Siva! Pendurando tua arma no mais alto galho de uma árvore, vestido de pele, vem empunhando o teu bastão.
Sagitário vermelho, sejas abençoado, ó Bem aventurado! Que as tuas mil flechas firam outros, não nós.
Mil vezes mil são as tuas flechas. És o Senhor, ó Bemaventurado! Afaste-se de nós a tua face.
São inumeráveis os Rudras, há milhares de Rudras na Terra, mas nós fecharemos os seus arcos no espaço de mil léguas.
Os Bavas no grande oceano, entre os dois mundos; os Rudras de pescoço azul e peito negro, que andam pela Terra; os amarelos-vermelhos, nas florestas, os pescoços azuis, os vermelhos, os que nos fazem mal em nos- sos alimentos, em nossas bebidas, os vultos dos fantasmas, os de perucas, os de cachos, os vigias do caminhos, os barulhentos, os valentões, que atravessam rios usando capacetes, empunhando lanças, aqueles outros muitos, os Rudras, que estão nas alturas, nós detemos os seus arcos no espaço de mil léguas.