Appar

O poeta Appar pertence àquele vasto florescimento do cará-
ter religioso shaivita que marca a literatura tâmil, a partir do
século VII. Talvez sela ele o mais ardoroso no grupo de Naya-
nars, ou "santos shaivitas", que exigem uma fé exclusiva de Xiva
e deixam de lado todas as práticas e textos religiosos.

1. Confissões de Pecado

Mal, tudo mal, minha raça, todas as minhas qualidades,
sou grande apenas no pecado, o mal é até meu bem.
Mal o meu eu mais íntimo, tolo, evitando o puro,
Animal não sou, mas os modos dos animais jamais consigo
abandonar.
Posso exortar com palavras fortes, dizendo aos homens o que
devem detestar,
E, no entanto, nunca posso dar presentes, e só pedi-las é o
que sei.
Ah! Desgraçado que sou, para que vim nascer? (41)

2. Presença de Deus

Homem algum tem poder sobre nós,
Nem a morte ou o inferno nós tememos;
Nem tremuras, lamentações da mente,
Nem dores, aviltamentos nós vemos.
A alegria, todos os dias, imutável,
É nossa, pais somos seus,
seus para sempre, que reina,
Nosso shankara (a), em ventura.
Aqui viemos aos seus pés,
Pés belos como flores escolhidas;
Ver como Suas orelhas divinas
Usam brincos e concha branca. (41)

a) Xiva.

Ele é difícil sempre de encontrar, mas mora no pensamento
dos bons;
Ele é o segrêdo mais profundo da Escritura, inescrutável, in-
cognoscível;
Ele é mel e leite e a luz brilhante. É o rei dos Devas,
Imanente em Vixnu, em Brama e no vento,
E também no poderoso mar que ruge e nas montanhas.
Ele é o Grande, que escolhe Perumapattapulyur (a) para si próprio.
Se vierem dias em que minha língua emudeça e não fale d'Ele,
Que tais dias não sejam contados no registro de minha vida. (41)

a) Paraíso de Xiva.