Os Alvars

Também da região tâmil existe uma dúzia de Alvars vaish-
navitas que se mostram paralelos aos Nayanars shaivitas. O mais
conhecido entre os mesmos foi Nammalvar (de data indefinida),
autor de Tiruviruttam, ou "Palavras Sagradas", onde Iouva Vix-
nu e seus avataras, notadamente Krishna, o deus vaqueiro, e a
vaqueira. Essa obra consiste numa seqüência de odes bem eru-
ditas em seu caráter.

Anseio Por Krishna

[Invocação: o Alvar ora para ser libertado do renascimento]

Sê induLgente, senhor de todos os seres celestiais,
Nascido em todos os nascimentos para salvar todas as vidas,
e ouve
O pedido de teu servidor. Concede que eu não ganhe novamente
Uma natureza como esta - meu corpo nojento,
sabedoria malsã e caráter conspurcado.

[A virgem fala, vendo o estado de sua senhora, incapaz de
resistir à separação de seu senhor, que a abandonou. Aqui a vir-
gem representa os discípulos de Alvar, a senhora o AIvar, o
senhor representando Vixnu]

Muito possa amar, esta jovem com aparência tentadora,
Que ama os pés adorados pelos seres celestiais,
Os pés de Kannan,(a) escuros como nuvens de chuva -
seus olhos vermelhos rodeados por lágrimas de dor,
como o peixe Kayal numa água profunda.

[A senhora diz à jovem]

Não quer ficar ou voltar, meu coração solitário
Que perseguiu a ave (b) raivoso, levado
Pelo senhor do tulasi, armado de roda fatal,
A que os deuses adoram! - A jovem dos vaqueiros estridentes, (d)
Bhudevi, shri,(e) suas sombras, ele percebe!

[Queixa da senhora]

Vento que foste envenenado pelo tulasi, soprando pensamentos
D’Ele, que esvaziou o seio do demônio traidor,
Ó, vergonha que vem e comigo tremendo, -
Eu, que seu pássaro antes o único coração
Despojou! Não resta um coração para tulasi.

[A piedade da virgem ao ver sua senhora perder a côr
pela aflição]

Quente nesta aldeia sopra agora a brisa
cuja natureza é a frialdade. Terá ele, desta vez,
Tingido a nuvem de chuva, seu cetro posto de lado
Para roubar o brilho amoroso de numa senhora, desolada
Pelo tulasi, com olhos largos a derramar lágrimas?

[A senhora se perturba à chegada da estação chuvosa, que
deverá trazer seu senhor de volta]

É este o céu onde os fortes touros escuros (g)
com a pata raspam o chão até que a terra trema, suam e lutam?
É este o tempo fresco e belo que toma a forma
De Vishnu, e ressoa sua aspereza quando
Se foi? Pecadora, não sei o que vejo.

[O senhor - neste caso os devotos do Alvar - fala da
dificuldade de abandonar sua companheira]

Ah, quem pode deixá-la, como uma trepadeira que exibe
Flores gloriosas, como as do céu de Vixnu?
São olhos o que tem? Não, são lótus, lírios vermelhos,
PétaLas largas, de franja negra, e todos repletos
De pérolas brancas - largos, como os olhos de um tímido cervo.

[As palavras do senhor, ao ver os olhos da companheira
encher-se de lágrimas] .

O, rara visão de hoje! Tu donzela
Que dás ventura como o céu de Kannan, digo-te
"Aquele que busca a riqueza não precisa ir longe" - e vejam!
Teus olhas como os de um peixe, grandes como a mão, com
pérolas
Brilhando, e ouro, um resgate para o mundo!

[Lamentação da senhora]

O brilho do amor empalidece, e em seu lugar se espalha
Um amarelo doentio - e a noite
se toma toda uma idade! Esta é a riqueza incomparável
Que me deu o bom coração, quando desejou e buscou
A frescura do tulasi do Kannan, portador de disco afiado! (43)

(Tiruvittam, 1-12)

a) Krishna.
b) Garuda, o veículo de Vixnu.
c) O manjericão santo, planta dedicada a Vixnu.
d) Radha, consorte de Krishna.
e) Duas outras consortes de Vixnu.
f) O filhinho de Krishna chupou a vida do demônio.
g) As nuvens de chuva.